Carregar “demais” é bom pro meu filho?
2014
Essa pergunta sempre ouço nos meus ateliês babywearing e no face.
Será que carregar “demais” meu bebê vai deixá-lo mimado???
Bom, tenho estudos científicos, mas detesto provar com eles e que parece óbvio
. Vou dar um exemplo meu, com meu menino.
O pequeno hoje com sete anos, sete anos de muito colo e atenção, presença.
Quando nasceu, minha filha tinha 22 meses. E para eu poder cuidar de dois pequenos ao mesmo tempo, foi no wrap e no sling que o bebê ficou.
Ficou até 3 anos!!! Sim três anos de muita carregação, carregado por mim e pelo pai. Principalmente o primeiro ano foi cotidiano o uso dos porta-bebês de pano.
Com 3 anos, descobriu que a palavra porta-bebê, continha a palavra “bebê”, e aí, não quis mais, pois ele dizia, não sou um “bebê”. Me lasquei!!! Pois continuei carregando o nas costas, sem porta-bebê, durante todos os passeios longos! Todos!!! E não mais que até os 6 anos ainda pedia para vir nas costas no final de uma saída longa.
E hoje, olhando para todo o comportamento do meu menino do RN até hoje, vejo uma parte da missão cumprida!
Com 2 anos ficava com a babysitter como alegria.
Aos 3 anos entrou na escolinha, sem choros, com vontade própria.
Aos 4 anos pegou avião, junto com a irmã e uma amiga (33 anos), sem chorar, decidido, para ir ver os avós a mais de 10 mil km para ficar 3 semanas!!! Longe dos pais, não chorou uma vez. (quem chorou fui eu hahaha)
Brincou de boneca, carregou os ursinhos no sling, deu peito, brincou de tudo um pouco e com muitas coisas de guri, também! Fez sempre planos para ser independente e poder viajar pelo mundo desde que aprendeu a falar.
Quem já viu alguns posts, sabe que ele sempre foi para a cozinha comigo, fez faxina comigo, fez horta comigo, fez compras, fez caminhadas nas montanhas… viu tudo de muito perto, observou, experimentou e aprendeu.
Hoje, ele está assim;
- comendo mais comidas saudáveis que desejando porcaria. Prefere realmente o cru, e se indigna quando os amiguinhos não gostam de frutas.
- bebe todos os chás e tisanas que ofereço e ama chimarrão.
- adora massas integrais e castanhas.
- gosta de limpar a casa, lavar a louça… se interessa em fazer qualquer tipo de tarefa doméstica.
- adora amassar pão, fazer arroz e cortar legumes.
- faz massagens.
- passa férias na casa dos avos 1 vez por ano, vai de avião, sozinho com a irmã, sempre sem choro.
- limpa a casa, espontaneamente, porque é o aniversario de alguém.
- quer morar no campo, numa casa com árvores, com cachorro e horizonte verde!
- sabe dirigir tratorzinho cortador de grama. O trator tb sabe, por enquanto é acompanhado ;), mas sabe tudo!!!
- detesta os meninos insensíveis.
- quer ter 10 filhos e todos nascerão em casa (espero que minha futura nora dê um jeito nessa ideia! rs)
- não entende porque eu nasci num hospital (ele nasceu em casa).
- tem noção da diferença entre os diferentes sentimentos; tristeza, raiva, euforia, alegria…
- sabe quando a mãe tá de TPM e respeita.
- disse aos 3 anos que queria ser borboleta em uma outra vida para poder voar.
- entendeu sobre a Ação e a Reação.
- sabe tirar leite da vaca, tratar as galinhas e também quer ser fazendeiro para andar de trator.
- ama rock, guitarra elétrica, mas tb pede para meditar.
- adora pegar bebê no colo.
- vai super bem na escola.
E para terminar, outro dia, eu não estava com a moral muito boa. Ele sentiu assim que me viu. Me “colocou no colo”, se enrolou em mim e ficou mais de 30 minutos contando coisas da vida ( manobras de skate, como funciona o trator, como é melhor a vida no campo…) e fazendo muito, mas muito carinho. Pensa se melhorei?!!!
Cheguei a conclusão, que ele aprendeu o valor de estar juntos, do colo, da segurança, das palavras, de parar um pouco e ficar juntos com você e te dar 100{619748c9aa450187535070cd7174cc8a29095f4d7d292a2beec3a24dce4cfb1a} atenção.
Sim dar colo, faz bem, não mima, não cria crianças mimadas e chatinhas.
Com minha menina, foi assim também, mas precisava dar o exemplo do menino.
Oferecer bastante colo é dar a chance para um menino de aprender tudo o que acontece dentro da casa, da família, dos sentimentos, é criar um menino que vai ser capaz de ser independente.
Ouço mães falarem, meu marido não pega o pequeno no colo, não tem paciência, meu marido não deixa o menino cozinhar, isso não é coisa de homem… entre outras historias cabeludas.
O patriarquismo sufoca qualquer parte sensível de um menino e de uma mãe que cúmplice ou vítima, tentam fazer o melhor para crescer dentro das “leis” masculinas.
Sim, dar colo é coisa de mãe, sim, o pai tem que fazer o mesmo (mesmo que não recebeu e não aprendeu, tem que reaprender, sim!) , sim transmitir os valores, as regras da vida, o cotidiano, começa desde os primeiros dias e precisamos, sim, fazer agora, com bebês no colo, com exemplo.
Se eu fosse… pro meu pai! Biclicleta e Carregar Bebê